A Comissão de Comunidade e Cultura (CCC) foi criada em fevereiro de 2021, ligada à presidência da SPFOR. Sua importância se alia ao ideário da Febrapsi e de sua Diretoria de Comunidade e Cultura. A CCC se propõe articular a expansão da psicanálise através de seu diálogo com outros campos do saber, estimulando uma aproximação com o campo social, do qual faz parte a comunidade.
Como primeiro passo, e a partir de ideias discutidas em março de 2021 com a psicanalista Wânia Coelho Cidade (diretora do Departamento de Comunidade e Cultura Febrapsi, 2021) buscamos maior contato com a questão das relações raciais, enfocando o preconceito racial e discriminação social aos quais as populações preta e indígena estão expostas. Foi surgindo em nossas reuniões a ideia de criar um projeto de inclusão de profissionais pretos e indígenas em nossa formação psicanalítica e passamos a elaborar esse projeto, com intuito de ampliar a participação na SPFOR dessas populações historicamente excluídas. Com objeto de fomentar esse projeto, algumas ações foram desenvolvidas:
- Em março de 2021, o programa Psicanálise e Arte em Sessão levou o tema O racismo estrutural e a Arte: reflexões a partir da psicanálise e da sociologia. Foi enfocado o romance de Lima Barreto Recordações do escrivão Isaías Caminha – com o psicanalista Valton Leitão e o cientista social Hebert Lima.
- Na V Jornada de Psicanálise da Spfor, em outubro de 2021, tivemos uma mesa redonda cujo título foi “Relações Raciais no Brasil” com Vânia Cidade, Deborah Medeiros e Martir da Silva, estas representantes do Movimento Negro Unificado.
- Convidamos para conversar conosco em fevereiro de 2022 Ignácio Paim, psicanalista preto da SBPdePA, ativista da questão racial e autor de Racismo – Por uma psicanálise implicada;
- Em seguida (09.03.22) convidamos as psicanalistas Janine Severo e Eliane Nogueira ambas da SBPdePA que implantaram o programa de cotas raciais na respectiva sociedade.
- Ainda como atividade da CCC tivemos a apresentação do trabalho Cultura, Arte e Psicanálise: reflexões, luzes e sombras que se implicam (08.10.22) de João A. Frayze-Pereira psicanalista com função didática e diretor do Departamento Cultura e Comunidade da SBPSP, professor do programa de pós-graduação em Arte e Estética da USP e autor de vários trabalhos sobre arte e psicanálise.
- Na VI Jornada da Spfor (22 out.2022) apresentamos o trabalho O legado dos povos originários e sua importância para nossa identidade cultural. O que nós psicanalistas temos a aprender com eles?
- Em maio último (23.05.23) tivemos uma live com Deborah Medeiros, psicóloga e ativista do movimento negro, para conversarmos sobre preconceito e racismo estrutural em nosso meio e sobre como nos aparelharmos para seu manejo.
Todos esses eventos receberam significativa participação dos colegas da SPFOR, o que nos motivou a elaborar e colocar em discussão com eles o projeto de cotas étnico-sociais de acesso à formação psicanalítica no Instituto Spfor. O projeto de cotas étnico-sociais foi oficialmente aprovado em Assembleia Geral Ordinária na data de 03 de outubro de 2022. Para sua efetiva implementação e efetivação, é fundamental o envolvimento dos integrantes de nossa sociedade. Precisamos implementar ações discutindo, amadurecendo e exercitando as questões ligadas às pautas étnico-sociais, preparando as mudanças e colocando em prática medidas que viabilizem as condições necessárias para seu andamento, aumentando assim a participação de pretos e indígenas em nossa sociedade. Concomitante aos encaminhamentos para implantação do Projeto, o Conselho Diretor aprovou a insenção da taxa de inscrição em jornadas, congressos e eventos científicos promovidos pela SPFOR às populações de pretos e descendentes de indígenas.
A Comissão de Comunidade e Cultura continua se reunindo mensalmente, com o intuito de aprofundar os estudos sobre preconceito e discriminação racial, além de outras questões ligadas à comunidade e à cultura. Refletimos que nossas reuniões da CCC serão abertas à participação de todos os colegas da SPFOR, possibilitando um movimento de abertura, sensibilização e abraço a todos, para um envolvimento com as duas vertentes Comunidade e Cultura, que se entrelaçam e são fontes indispensáveis para nosso aprendizado e crescimento como cidadãos e psicanalistas.
